Em 1993 foi quando foi apresentado pela primeira vez o Projeto
de Emenda Constitucional (PEC) para redução da maioridade penal. A ideia
"brilhante" foi de ex-deputado federal Benedito Domingos (PP-DF). Digo
"brilhante" porque este é um tema polêmico que durante todos estes
anos angariou milhares de votos para os políticos defensores desta ideia
estapafúrdia. Aliás, esta é a única coisa para a qual este projeto é bom:
angariar votos.
A população revoltada com tantos crimes bárbaros cometidos
por menores de idade que, segundo a Constituição Federal, são inimputáveis, não
são capazes de analisar o problema em todo seu contexto. Desde 1993 o discurso
fervoroso de políticos à favor da redução da maioridade penal vem elegendo
pessoas incompetentes e gananciosas que se aproveitam da falta de informação e
capacidade reflexiva das pessoas. Menores que cometem crimes, independentemente
da gravidade dos fatos, são jovens que foram abdicados pelo estado do acesso à
educação de qualidade e muitas vezes convivem em um ambiente impróprio para a
formação moral, cultural e ética de um indivíduo. No entanto, é omitido o fato
de que tais condições são obrigações constitucionais destinadas ao poder
público.
O que quero colocar em evidência neste post é que políticos
mal-intencionados estão utilizando a falta de senso crítico da população,
unidos com a sua revolta e sensação de impunidade, para se manter no poder, uma
vez que a PEC da redução da maioridade penal não soluciona o problema, até
porque, mesmo que aplicadas as penas vigentes, ainda permanecerá a sensação de
impunidade, já que são brandas demais, pois nosso Código Penal é ultrapassado e
muitas vezes desproporcional.
O problema relacionado aos menores infratores só será
definitivamente resolvido com investimentos sólidos em educação. Construir
escolas e não presídios! Com a construção de escolas e a ampliação do acesso à
educação de qualidade, crianças e adolescentes tem mais oportunidades e
consequentemente não há espaço para o crime. Colocar um adolescente em um
presídio junto aos adultos é abrir mão de um futuro que poderia ser recuperado
se o poder público tivesse mais coragem de enfrentar o problema de frente.
O fato de ser contra a redução da maioridade penal, não
significa que defendo a impunidade para os menores infratores, mas sim defendo
que as instituições responsáveis por estes menores, como por exemplo a Fundação
CASA, tenham maiores investimentos e acompanhamentos de profissionais para que
o jovem seja, de fato, recuperado através um trabalho socioeducativo.
Acreditar e defender a ideia de que a criminalidade
diminuirá prendendo jovens infratores e aplicando as penas vigentes é pura
inocência e desinformação. Enquanto isso, os chefes do executivo fazem a
sociedade acreditar que esta é a única solução para tanta violência, eximindo-os
da culpa por terem abandonado a educação pública. Aliás, acho até compreensível
que não se invista em educação, afinal um povo instruído expulsa maus políticos
com a ponta do dedo... na urna!
Prof. Marcelino Peres
Nenhum comentário:
Postar um comentário