Antes de iniciar devo confessar que não costumo assistir televisão. Isto não se dá por questões religiosas, mas sim, por imposições profissionais, afinal ser professor é abrir mão de alguns luxos ou “lixos” dependendo da programação. No entanto, falarei a respeito do comercial da Johnson.
Certo dia dei-me o direito de sentar-me e assistir a algo qualquer que entretivesse minha mente. Eis que o famigerado comercial aparece na tela sob o título: Gotas de Brilho. Naquele mesmo instante fiz uma aposta comigo mesmo na qual doaria meu salário integralmente a uma instituição de caridade caso aparecesse, uma menina única negra no comercial. Infelizmente ganhei.
Ao longo dos 30 segundos de propaganda algumas meninas brancas e de cabelos lisos aparecem brincando em uma banheira e tendo os cabelos lavados pelo shampoo (ou xampu se preferir). Ao som de uma música, cuja letra dizia “[...] Uma vez no Reino dos Ladrilhos uma fada disse assim: gostas de brilho façam espuma. Cabelos de princesa, cantavam passarinhos, e o sol sorriu [...]”, fiquei pensando: como uma menina negra reagiria a este comercial? De que forma os pais explicariam para a filha que seu cabelo não era o da princesa?
Fiquei perplexo com a facilidade de perpetuar o preconceito. Em apenas meio minuto exclui-se um grupo de pessoas e reservamos o chamado “belo” a outro. Minha crítica é por ter em vista que este comercial é voltado ao público infantil, e desde cedo as crianças são forjadas a ocuparem lugar de princesa, bruxa, ou dragão.
Uma última questão ainda veio à minha mente: será que mais alguém enxergou a barbárie desta campanha? Talvez não. Espero que a única reação a esse tipo de ofensa não seja apenas o trocar de canal.
Prof. Wellington Rodrigues